quarta-feira, 31 de maio de 2017

Entrelinhas


Domingo chuvoso.
Tempo cinza como a cor da minha alma.

Minha vontade era te enviar uma mensagem para dizer os motivos pelos quais agi de tal forma na noite anterior. Embora os motivos sejam os mais evidentes possíveis, ainda é difícil para mim aceitá-los. Em uma busca incessante de poder, enfim, tirar o nó da garganta, minha vontade era externar com todas as palavras, vírgulas e pontos finais o que me impede respirar. Você, com todos os seus jeitos e sujeitos, muda. Muda quando está só comigo. Muda quando está com eles. Muda quando está com elas. Por quais motivos me pergunto, se a única coisa que já te pedi foram doses de atenção e respeito. Você se torna um manipulador de ideias e humor. Você suga o que há de mais belo em mim.

Você desnudou a minha paz e expôs a fragilidade dos meus sentimentos. Me pergunto para onde fugir se a cada bebida eu preciso me policiar para não buscar você, anunciando saudades, expondo carência, matando amor-próprio. Repito a mim mesma que não preciso lidar com a forma cruel da sua repulsa por qualquer tipo de sentimento meu. Que não preciso lidar com a grosseria de quem não tem tato para dizer “não”.

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