“17 de agosto”. Hoje exato um ano que embarquei num avião rumo a uma viagem surpreendente que durou alguns meses. É de certa forma estranho falar sobre isso, pois parece ter sido ontem e não um ano atrás. As lembranças seguem vivas aqui ao mesmo tempo que meu coração sente uma saudade que dói. Estou fazendo drama (como sempre), mas se não houvesse drama não seria um texto meu. :p
Há um ano eu embarquei
num avião sozinha, levando a ansiedade na bagagem e deixando uma
vida aqui no Rio estacionada durante uns meses. Antes de ir
nessa louca (e sensacional) aventura tive que fazer escolhas,
abandonar um estágio, deixar um semestre de faculdade pra trás...
mas senti que aquele era o momento para isso. Aquele era o momento
para eu me arriscar a trilhar meu caminho sozinha e descobrir com
meus próprios passos qual seria a melhor direção a seguir. Ali era
eu e meus sonhos, minha curiosidade, minha sede por conhecer outras
culturas e pessoas e momentos e lugares e outras vidas. Depois do
intercâmbio, sinto que a vontade de conhecer o "desconhecido" apenas
aumentou. Podemos dizer que foi criado um vício (gostoso) de querer
viajar e conhecer novas cidades, novos países... às vezes sinto que
a vida não tem sentido se você resume ela a apenas uma perspectiva,
ao analisar somente sobre a visão de sua cultura, sobre os filtros
que você coloca em sua “observação” do outro sem nem ao menos
perceber. Acho que a minha viagem é isso, buscar entender o por quê da
minha própria existência. Aprender mais sobre eu mesma e entender
os meus limites. Ver que a vida é muito mais que a rotina de
pegar metrô lotado para ir da casa a faculdade. O conhecimento,
as experiências são outras tão mais ricas, meu amigo.
O que seria de mim hoje
se eu não tivesse a coragem de “estacionar” uma vida aqui e ir
viver uma outra, com tantas novidades? Infelizmente nunca poderei
saber. Mas hoje, um ano depois, a minha única certeza é que essa
experiência é algo que levarei para toda vida e além dela. ;)
Como eu poderia ficar
sem conhecer as pessoas incríveis que passaram por mim? Os momentos
de saudades, as “rumbas”, as cidades lindas, até mesmo o guaro,
patacon, mango biche e pizza hawaiana (que até hoje não sei
pronunciar em português haha). Não esquecendo da experiência nas águas caribenhas, no carnaval diferente de Pasto, na viagem incrível de final de semestre na Universidade, além do mochilão de fim de ano, comemorando
o Natal em Medellin, meu aniversário em Cali, Ano Novo em Quito.
Uffa... quantas experiências e momentos gostosos de serem recordados.
Mas todo intercâmbio
tem seus momentos deprês. Não nego que chorei de saudade, que quis voltar
pro Brasil em alguns momentos, que quis dizer adeus. Não foi fácil,
tão pouco as mil maravilhas. Tive momentos de choro, raiva, medo...
mas tudo, absolutamente tudo, me fizeram amadurecer e aprender a
lidar com as surpresas (nem sempre boas) que a vida nos traz. Todos
esses momentos me mostraram que sou muito mais forte do que imaginava.... e que muitas pequenas reclamações diárias que eu
faço não me servem para nada, apenas para me deixar de mau humor.
Outra grande
experiência que aprendi é que nós dependemos apenas de nós mesmos em diversos casos. Se
quiser fazer algo, faça! Vá, arrume as malas, sai de casa, vai ver
a vida. Nem que seja parar sentar debaixo de uma árvore e pensar na vida ou ficar
horas na biblioteca lendo livros interessantes sobre fotografia. Sozinha. Sim, por que
não? Por que a estranha mania de sempre pensar em alguém a mais
para fazer um programa com você? Ter uma companhia é sempre ótimo, mas, às vezes, a vida quer que você faça isso
sozinha. E, sem dúvidas, te reserva uma experiência totalmente
diferente de tudo.
Digo, com toda certeza,
repetiria tudo novamente. Talvez aproveitando mais aqui e reclamando
menos daquilo ali. Mas faria tudo novamente. O intercâmbio veio na
hora exata, na hora que eu mais precisava para entender mais sobre
mim mesma, a valorizar mais minhas ideias.
A aproveitar mais a vida. A não ter medo de
fazer escolhas quando necessário e saber que não há como fugir dos
problemas quando surgem.
Nesse momento, meus
olhos se enchem de lágrimas. A vontade de querer voltar ao tempo é
grande e a curiosidade de saber quando vou vivenciar isso de novo é
maior ainda.