Não sei a melhor forma de iniciar uma carta. Aliás, não me lembro quando foi a última vez que escrevi uma. Eu digo carta, pois acho que é algo muito mais profundo que uma mensagem comum.
Você
não sabe, mas muitas foram as vezes que eu me despertei com um
aperto no peito por acordar já pensando em você. Pensando nas
impossibilidades de estarmos juntos. Como me faz mal. Me faz querer
permanecer imóvel na cama, como se não houvesse mais nada a fazer para
mudar a situação.
Você,
ao contrário, não pensa, sequer imagina que todos os versos são
para você. Que espero pelo acaso (ou milagre) de você puxar
conversa e me convidar para sair, dizer que sonhou comigo ou que
ouviu uma musica e se lembrou de mim. Todos os dias tenho que
controlar a vontade de te enviar uma mensagem. Essa vontade
incoerente de falar com você sobre qualquer assunto banal, de buscar alguma forma de chamar a atenção, de pensar inúmeras vezes
"melhor chegar ao fim essa inútil persistência".
Nada
disso você sabe. Nada disso eu falei a você. Será que sabe o
efeito que me causa? Talvez. E isso mudou algo em sua atitude?
Não. Um não monossilábico, como
todas as palavras enviadas por você quando parece não querer
conversar comigo.
Me sinto como alguém que sempre insiste, inutilmente, em algo que
desde o inicio já teve o seu fim decretado. É tão difícil
encontrar um sopro de vida em algo que não quer sobreviver....
E
essa foi apenas mais uma de outras tantas mensagens não terminadas, salvas nos rascunhos
do e-mail de Clara. Ao que parece, essa
carta a Clara não escreveu para Murilo, mas para si mesma. Para entender
seus sentimentos e, principalmente, para entender o que está
ocorrendo em sua vida pelos olhos da razão.
Um comentário:
Bela reflexão!
jj-jovemjornalista.com
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