domingo, 4 de julho de 2010

amor em Palavras



Quando conheci o Murilo, ainda éramos adolescentes. Ele era um ano mais velho que eu e sempre ficava uma série a minha frente. Tínhamos alguns amigos em comum e na formatura da oitava série ele resolveu me pedir em namoro. Aceitei, é claro, mesmo não sabendo como era namorar e mesmo sendo escondido de nossos pais. Murilo, apesar de ser um ano mais velho, era meio infantil. Acredito que aquela história de que os homens amadurecem mais tarde que as mulheres seja verdade. Eu sempre fui mais madura que Murilo e mesmo não sabendo como era namorar, já cobrava muito dele. Detestava algumas atitudes suas, mas o que eu poderia fazer, eu o amava. Sorrio hoje ao pensar nisso, como tão nova já acreditava no amor?

Os anos passavam e, ao contrário do que minha mãe pensava, nosso namoro seguia forte. Muitos, assim como minha mãe, não acreditavam que um namoro estudantil pudesse dar certo. Sempre ocorria algumas brigas, intrigas de outras meninas que gostavam do Murilo, outros meninos que queriam namorar comigo, mas continuamos. Eu não poderia me imaginar naquele tempo com outra pessoa que não fosse ele. Conhecíamo-nos tão bem. Terminamos o segundo grau. Estudamos juntos para o vestibular e passamos para a mesma faculdade, só que com cursos diferentes. Eu queria fazer matemática e Murilo, geografia.

Na faculdade continuamos juntos e, apesar dos turnos serem diferentes, sempre dava para nos encontrar. Num dia, quando conseguimos nos encontrar pela manhã, Murilo me disse que queria conversar comigo algo importante. Pedi para que falasse ali mesmo e ele me disse que ali não era o momento. Não o entendi bem, mas aceitei. Marcamos para nos encontrar pela noite, num restaurante perto da faculdade.

Quando sai da faculdade, fiquei pensando ao voltar para a casa o que Murilo teria de importante para me falar. Devo confessar que não foi apenas na volta para casa que fiquei pensando, na realidade, pensei mesmo o dia todo. Aquilo já estava me agoniando. A ansiedade estava começando a me torturar, não sabia se achava graça daquilo tudo ou se ficava nervosa de curiosidade. Cheguei em casa por volta das 18h, tinha marcado no restaurante as 20h com Murilo. Eu tinha duas horas para me arrumar e chegar ao restaurante. Curioso como eu acreditava que tudo o que Murilo iria me contar, me deixaria feliz, afinal, estávamos juntos há mais de oito anos. Esse suspense todo que ele estaria fazendo não seria a toa. Pensei no melhor vestido, me arrumei impecavelmente.

Ao chegar ao restaurante, Murilo já estava lá me esperando. Fiquei do lado de fora, olhando-o pela janela. Ele era fascinante. Tinha um jeitinho agradavelmente desajeitado, mas por onde passava atraía os olhares das mulheres. Eu não gostava dos olhares, mas adorava passar ao seu lado de mãos dadas. Adorava seu cabelo bagunçado, sua barba por fazer. A cor da sua pele em contraste com seus olhos claros e penetrantes. Ele estava com aquela blusa social que eu amava. O restaurante também era incrível. Tinha uma iluminação diferente, era no estilo medieval. Aquilo dava um charme ao ambiente. Tudo parecia estar milimetricamente no lugar certo.

Entrei no restaurante e fui em direção a mesa que Murilo estava. Dei um sorriso e ele me convidou a sentar. Eu parecia estar vivendo uma cena de filme romântico.

- Oi amor – disse, dando-lhe um breve beijo.
- Pensei que você não viesse mais querida. Estou te esperando há horas aqui – respondeu ele com aquele sorrisinho que me encantava.
- Para de ser mentiroso! Combinamos 20h, e aqui estou no horário marcado. E sorri, não pude resistir.

Conversamos durante horas. Acho que ele estava querendo enrolar, passar o tempo. Mantive-me e tentei não deixar transparecer a minha ansiedade e curiosidade. Mas acho que em vão, pois ele me conhecia o suficiente para saber que eu já estava morrendo de vontade de perguntar o que ele queria me contar. Ele sabia dominar o momento, sorria para mim, me observa enquanto eu jantava. Ele pensa que eu não senti, mas reparei cada segundo que ele me observava e quando eu voltava a olhar para ele, reparava-o desviando o olhar. Acho que já tínhamos conversado sobre tudo, o assunto já estava esgotando-se. Senti que ele estava criando coragem para me contar finalmente o que era importante. Olhou-me fixamente por alguns instantes e disse:

- Acho que você já reparou o quanto estou adiando o momento de contar a você o que viemos fazer aqui. – Ele abaixava a cabeça, meio envergonhado, meio nervoso.
- Estou curiosa desde o momento que entrei por aquela porta. – Sorri para descontraí-lo.
- Estamos juntos há muitos anos e devo confessar que não dá mais para continuar... – ele desviava o olhar o tanto quanto podia, não conseguia me olhar mais.
- Como assim? – me controlei para não gritar, nem fazer algum escândalo.
- Não dá mais...desculpe.
- Murilo, está ouvindo o que você está falando para mim? – Puxei-o pelo queixo e o obriguei a olhar nos meus olhos.

Naquele momento parecia que eu perdia o chão aos meus pés. Meu coração acelerava de aflição, raiva. Não sei bem, os sentimentos estavam se confundindo dentro de mim.

- Murilo! – falei num tom mais alto, senti que algumas pessoas passaram a olhar para nós. – Pode me explicar o que você considera “não dá mais..”?
- Desculpe...não dá mais para viver assim, longe de você. Eu quero mais de ti. Quero casar com você! – Ele abriu o sorriso enorme e olhava para mim com aquela carinha encantadora. Acredito que eu passei da vontade de matá-lo para a vontade de abraçá-lo num segundo.
- Assim você me mata... por favor, Murilo..não faça mais isso comigo. – Levantei, abracei-o e disse “sim” ao seu ouvido.

Aquele dia no restaurante foi uma das noites mais importantes e emocionantes da minha vida. Guardo cada momento, cada reação que senti. Hoje, mais de 40 anos depois, escrevo sobre esse amor que senti e ainda sinto por Murilo. É uma maneira de me reconfortar por sua perda. Já irá fazer três anos que ele se foi, mas sinto sua presença ao meu lado a cada dia que passa. As palavras que escrevo me fazem viver dia após dia, me dão força para continuar. Eu sei que ainda iremos nos encontrar e quero mostrar que meu amor por ele continua vivo e seu jeito agradavelmente desajeitado, ainda me encanta.



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Trabalho de Língua Portuguesa - Narração em 1ª pessoa.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Comunicação Social - Relações Públicas.


É história de amor bem melosa, hahaha. Fazer o que, né? Não estava nos meus melhores dias para inspiração =S Vamos ver agora que nota tirarei neste trabalho! haha

9 comentários:

Jessica disse...

até que enfim escreve alguma coisa que eu não reclame, goste e entenda
ahsuahsuahs
minhas criticas te fazem crescer

hahah

bjusss

Cíntia disse...

Eu te daria um 10!
Jurei que a historia era real! =S
^^
Sou suspeita para dizer que vc escreve muito bem. Alías, eu repito muito isso!!
Vc é otima!
BjxX

Thai. disse...

Boas histórias de amor são assim mesmo. Acontecem da forma menos esperada... sempre.
Que encontremos nossos Murilos... e que possamos escrever nossas histórias com eles daqui a 40 anos.
Repito o que "Cizz" disse acima:
Sou suspeita para dizer que vc escreve muito bem. Alías, eu repito muito isso!!
Vc é otima!

Sika, saudades.
Beijos.

Vinicius Ferrari disse...

Sikaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

Siim eu amei, mesmo send0o um menino do tipo que odeia as histórias melosas de amor. Me deu um pouco de inveja do Murilo. Poxa a história dele é realmente linda. E quando vc falou que eles iam se encontrar eu pensei: - O Arigó vai acabar tudo! \z


asuahsusa

Amei mesmo, já pode vivar escritora!

*o*

disse...

Amei a história! Bem escrita, envolvente e muito criativa (:

Vanessa Monique disse...

Menina que texto gostoso de ler :D
e muito bem escrito por sinal.
Tb gosto mt das imagens q vc utiliza.
Mt sucesso
ótimo sábado
:*

Cíntia disse...

Oi!
Tem selo pra tí no meu Blog!
BjxX

Maressa disse...

Siketeeee !!!

Amiga...Adorei essa história, sei que concerteza vc irá tirar um 10!!!

E como já disseram...já pode virar escritora !

Mil bjus...

Saudads !

s2

Miih disse...

Chorei litros em pensamento antes de ler que num era real HAHAHAHAH

Linda...

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